terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Insônia

Era madrugada. O silêncio era perturbador. Todos dormiam, e até mesmo a casa parecia também adormecida. Era uma quietude quase angelical, como se tudo parasse de repente, e passasse de Terra a paraíso num piscar de olhos.

Eu, porém, revirava-me na cama, entre uma piscadela e outra. Meus pés tremiam, nervosos e inquietos, e minhas mãos rompiam-se num estalar de dedos a cada cinco minutos. Apesar da calmaria geral, eu permanecia ansiosa e muito bem acordada, distoando da harmonia do ambiente.

Levantei-me. Fiz alguns alongamentos, estalando violentamente as costas (maldita dor de coluna!), num movimento brusco. Estiquei-me no chão por completo, procurando relaxar. Não consegui.

Fui até a cozinha, beber um copo d'água. Logo, o singelo copo d'água transformou-se num copo de leite, numa fatia de pão. Mal vi, e lá estava uma refeição completa. Parada no banheiro para escovar os dentes. Logo, o chamado da natureza (malditos líquidos!).

Voltei ao quarto e, daquela vez, sentia-me completa e preparada para encontrar-me com o sono. Esperei, esperei, esperei. Ele não veio. Talvez só estivesse um pouco atrasado.

Sem perder as esperanças, fui até a janela. Debrucei-me ao parapeito e fiquei a observar a rua. Estava densa e deserta. Entre um carro e outro, todos sempre em alta velocidade, tudo permanecia igual. Igualmente quieto, igualmente estático. Às vezes, surpreendia-me um avião, com sua luzinha a brilhar no alto, mas foram poucos.

Mudei de tática. Sentei-me no sofá, e, tomando na mão o controle remoto (oh, precioso!), sintonizei em meu programa favorito, um bloco de seriados antigos. Pior ainda. Tão interessada estava, que tive de lutar comigo mesma para sair de lá. Venci: a televisão foi desligada.

Música, ah, sim! Sabe-se há muito tempo que a música ajuda a relaxar, então por quê não tentar? No tocador portátil, ouvi alguns sucessos dos Beatles, esperando cair no sono, em sonhos psicodélicos. Comigo, a crença falhara. A música era tão estimulante quanto a própria cafeína.

Enfim, voltei à cama. Sentei-me e pensei. Pensei sobre coisas que nunca havia pensado. Lembrei-me de fatos perdidos. Avistei na mesinha de cabeceira a caneta e o caderno. Tão convidativos, e também despertos. Tomei na mão os companheiros de insônia e pus-me a escrever palavras sem sentido. Não adormeci, mas escrevi este texto.

7 comentários:

Maria Victória disse...

eu tenho toda noite dessas férias, mas é porque minha mãe me manda dormir cedo sendo que eu acordei tarde.e eu não posso fazer ruído nenhum.

então eu espio um ou outro vizinho que ainda tá acordado, a minha rua é deserta e nem gatos passam :/

muito bom debys o/

Paulie N. disse...

aiaia, amei o texto!
*o*
como ssmpre, né?
(y)

atualizei, dá uma passadinha no meu depois, se puder!
:)

bjs*

Natie disse...

Menine, ainda estou babando pelo seu texto... vc escreve bem MESMO!
Tenho insônia todos os dias... na verdade, acordo tarde demais e vou para a cama cedo demais, então demoro muito para durmir... mas nunca consegui desenrolar um texto tão bo mquando esse! =p
Parabéns
=p

(Natie, www.poisonapple.zip.net)

Pam :) disse...

Oi Debys, ultimamente, como tenho acordado tarde, eu tb demoro séculos pra dormir. Qualquer dia vou experimentar escrever um texto pro Lostinho, rs.
Vc escreve super bem, parabéns!
bjus

Bia :) disse...

Totalmente AMEI o texto, sério. Pago um pau pros seus textos, menine *-*

E nem me fale em sono que eu virei a noite essa noite, à base de 2 litros de coca cola. To podre :~

:**

Camille de Holanda disse...

DEBS! *Q*
Odeio ter insônia.
Ontem mesmo comecei a imaginar coisas, porque não estava conseguindo dormir. Fiquei assim um bom tempo.
Mas se eu fosse procurar algo para fazer, eu amanhecia o dia, rs :D

Beijos *:

giika disse...

CARACA, você escreve muito bem, flor. Olhei o tamanho do texto e pensei que não aguentaria ler tudo, mas não tinha como recusar uma boa leitura como essa. 8D

Adorei seu blog. Quero escrever como você quando eu crescer. AUHEUAHEH :D

Beijo. :*