quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Soneto abstrato

Contida feito suspiro calado
Respira a formosura do desejo
Que me arrebata feito num cortejo
Por simples sonho há tanto finado

Evocação daquele sonho alado
Repleta de angustioso ensejo
Solitária no escuro eu me vejo
Vagando por um mundo inexplorado

É feito de aurora o sonho ilustre
Das horas mais sublimes da manhã
É vítreo e reluzente feito lustre

Espelho que reflete o amanhã
Real ou irreal, mas sempre ilustre
De uma voracidade vaga e vã

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Carmim

Antes houvesse uma razão qualquer
Para desatar cada pequenino nó
Cada laço, cada vazio espaço
Que com marcas fatais preencheram minha história
Antes houvesse um belo jardim
Todo florido em primavera
Com lírios, violetas, girassóis
E rosas vermelhas assim como nós
Rosas vermelhas como a asa da fênix
Que nesta noite refaz-se das cinzas
Rosas vermelhas como o sangue derramado
No violento rompimento de afecções
Dentre as águas escuras do riacho sinuoso
Torna-se agradável espetáculo
O embalo das cascatas, vermelhas de sangue
Marca infindável de minha existência
Funebremente, ludibria-se os tolos
Que ainda acreditam na liberdade
Não é livre, sequer romântico
É doloroso, obscuro, cruel
As lâminas ferem na carne
As verdades ferem na alma
E por mais que se diga o contrário
Jamais se dirá: "Sou livre"

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A Platão

Delicio-me em teus olhos
E me escrevo em tua mente
Mas nunca leio
A folha do teu corpo