Máquinas não falam. O homem repetiu a sentença pela última vez, a fim de aceitá-la. Tentou, de todas as formas, convencer-se de que enlouquecera, mas não conseguia, apesar de haver tal especulação. Sua cabeça doía. Cansara-se de pensar.
Sentou-se numa cadeira de ferro. Estava inquieto. Pensamentos iam e vinham, embora tentasse evitá-los. Sua mente estava em frangalhos. Acreditava ter entrado em parafuso.
De olhos bem abertos, vermelhos e arregalados, como se não dormisse há séculos, tentou enxergar o movimento ao longe, mas sua visão já não era a mesma. A falta de sono e as horas infindáveis de leitura noturna o deixaram míope, ainda na flor da idade.
Movimentos nervosos, quase involuntários. O tremer do corpo cansado, o pulsar forte nas veias, pressionando seus braços e pernas. Aquela dor que teimava em voltar.
Meio-dia. Hora da ração diária. Comida mal-feita, servida em vasilhas descartáveis de alumínio. Todos comiam como se fosse a última vez. Famintos. Agressivos.
Indivíduos perfeitamente iguais, enfileirados num corredor de metal. Uniformizados. Padronizados. Numerados.
Após a refeição, o mais profundo silêncio. Ouvia-se apenas o som das alavancas. O homem sentiu falta de alguém para conversar. Mas máquinas não falam.
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2 comentários:
oii tenho a pouco tempo...da uma ajudinha porfavor...
linda a meteria ^^
beeijos :**
o blog ***
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